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Identificando padrões: Bruxaria e as formas de Poder

Identificando padrões: Bruxaria e as formas de Poder

“A beleza de um falcão branco,
Minha marca em sua pele,
Siga-me escada abaixo quando nós morrermos.
Sua alma está no céu,
Seu corpo no inferno,
Isso não importa muito pra mim”.
(1)

Não pretendo fazer desta postagem algo muito longo, mas penso que poderia escrever sobre algumas coisas que possivelmente podem ser úteis a algumas pessoas, na maioria iniciantes no Caminho ou que ainda ficam perdidas em meio a certas situações, principalmente na internet e, muitas vezes, no mundo real.

Primeiramente devemos manter em mente que a Bruxaria em si é fluida, sem forma, que se adapta, muitas vezes como a água. Da mesma forma ela pode ser selvagem, destrutiva e criativa como o fogo. Ela é imprevisível e impetuosa e afiada como o vento e possui fundamentos tão antigos e tão firmes quanto a terra. Ela agrega o que está acima, o que está abaixo e, principalmente, o que está no meio. O bruxo, muitas vezes, tende a ser um eixo entre mundos e poderes. Um sábio que conhece certos segredos e costuma respeitar as tradições da própria terra, podendo fazer uso de qualquer elemento em que enxerga Poder ao seu bel prazer.

Não existe ‘uma” bruxaria. Não existe uma “entidade” bruxaria. nem Deuses únicos ou formas únicas de se fazer ou ser bruxo. Não existem autoridades, donos ou instituições na bruxaria e ninguém, de forma alguma, manda, desmanda ou decide coisa alguma. Ninguém manda no bruxo e muito menos na Arte sem Nome.

Uma coisa que vejo desde o final dos anos 90’s são guerras e mais guerras entre certas pessoas que se dizem bruxas e que na realidade nunca possuíram poder algum. Grupos se digladiando, angariando seguidores e apoiadores, fazendo falsa propaganda uns dos outros e apontando dedos pra quem faz ou deixa de fazer algo. Inúmeras pessoas montando seus “clubinhos bruxos” onde o objetivo é apenas ficar mais conhecido e fantasiar uma certa autoridade que sempre fora imaginária…a não ser entre os próprios seguidores.

Não vou sair apontando dedos ou falando de gente que realmente não importa (e que quero longe da minha vida rs), mas sim, queria salientar que infelizmente isso continua até os dias de hoje – e não acho que vai simplesmente acabar. Até hoje as táticas são parecidas: você junta pessoas, ataca alguém com mais notoriedade que você e assim você também ganha notoriedade (possivelmente de outras pessoas que também não possuem poder ou que querem “pertencer a algo”); então você funda seu clubinho, que volta e meia ta brigando com alguém (note que sempre é virtual…ninguém realmente briga ao vivo rs).

Bem, hoje estamos falando de alguns Padrões, Bruxaria e sua formas.

Longe de mim querer limitar o que não pode ser limitado, aquilo que é selvagem e indomado, mas sim, de fazer alguns comentários a respeito de algumas coisas que podem ser facilmente reparadas através de pequenas atitudes – inclusive online.

 Esses dias fui chamado de arrogante porque não quis detalhar como são minhas práticas pessoais. Achei engraçado como o pensamento contemporâneo nos trouxe certas ilusões de que todos possuímos alguma obrigação para com o outro em tudo. Do quanto estamos contaminados com conceitos de que alguém deve jogar Tarot ou fazer um feitiço ou um amuleto para você de graça. Não! se o Bruxo quer cobrar, ele cobra. É sua Arte, seu ofício. Não ta satisfeito? vai num centro kardecista ganhar passe. Observo o quanto as pessoas acham que tudo tem que ser ensinado, liberado e exposto pro primeiro que aparece. Como todos devemos ensinar a todos em tudo o que pudermos. De onde vieram essas ideias? por que as pessoas querem agir como hippies na Era de Aquário?(2)

Não. O bruxo é livre para fazer o que quer. Ele é livre para falar das suas práticas ou de expor alguns dos seus trabalhos. Ele é livre para não cobrar e para cobrar o que acha justo pela sua Arte.

Ele é livre para vestir a roupa que quiser, seja influenciado pela sua Arte, cultura ou preferências quanto para vestir qualquer coisa.

O bruxo também é livre para se resguardar e não é obrigado a ensinar ninguém.

Uma coisa que costuma ser feito é que não ha mensalidades ou cobranças para se passar conhecimentos tradicionais. Você cobra por palestras, cursos, jogos, feitiços, amuletos e etc. Mas não por iniciações ou ingresso em famílias. Tirando o custo de ritos ou gastos que possam vir a aparecer, como comida, bebida, material e/ou animais.

Não da pra comparar o tratamento com pessoas “de fora” do circulo pessoal com os “de dentro” – aliás, é como com qualquer pessoa. Quando você é um eletricista, por exemplo, você pode dar aquela força pro seu amigo(a) consertando algo da casa da pessoa, mas nunca faria isso de graça para pessoas que não são do seu círculo pessoal, afinal, é seu trabalho e você merece ganhar pra isso.

A seriedade costuma aparecer mais com a maturidade e assim também é com o bruxo. Afinal, estamos falando de pessoas e os bruxos costumam ser minimamente complexas como qualquer outra pessoa…muitas vezes acabam sendo mais para quem está olhando de fora. Porém, para muitos de nós, devido as formas diferentes de ver o mundo, as coisas tendem a ser mais simples, principalmente porque muitos de nós enxergamos além do que a maioria consegue enxergar. Parece lindo, mas ao mesmo tempo que isso é uma bênção, também é uma maldição, pois isso significa exílio, solidão e muitas vezes acabam por ficar sob máscaras para lidar com as ovelhas do dia-a-dia. Outros tornam-se excêntricos e no final todos nós identificamos um pouco de cada um de nós em cada um de nossos Kins(3).

A postura do Bruxo é importante e suas prioridades podem ser vistas através de seus hábitos.

Não estou dizendo que exista uma ‘etiqueta’ na bruxaria de “como o bruxo deve se portar”(até tem algumas coisas, mas depende mais de região e de famílias). Apenas estou dizendo que algumas coisas não condizem com aquilo que ele diz fazer e  com os resultados que acabam aparecendo. Ou ainda o excesso de brigas e discussões com pessoas que nunca nem valeriam a pena e que não são importantes nem para o bruxo e nem para sua Arte. Claro, ele é livre para abençoar ou amaldiçoar quem bem entender, mas isso também implicaria no valor em que se dá a própria Arte.

Da mesma forma, apontar um inimigo é reconhecer o valor dessa pessoa na  sua vida, a importância dela pra você. E também que tipo de atitude você deve tomar de verdade, não somente no mundo virtual. Ter muitos inimigos costuma ser sinal de mediocridade, pois qualquer um pode fazer frente a você e a sua Arte. Um problema deve ser neutralizado ou destruído. Mas quem é bom o suficiente para ser realmente um problema? isso são apenas reflexões minhas e embora possuam verdades não são de fato verdades absolutas: cada caso é um caso e não sou eu quem pode julgar a vida dos outros. Cada um vive a vida da forma que deseja (ou que consegue).

Já tive minhas épocas de brigas e discussões acirradas com gente que nem conheço (e de gente que conhecia) – era muito novo, empolgado, imaturo e com vontade de fazer algo importante – mas com o tempo percebi o quão inútil isso era e que os problemas envoltos nas discussões nunca foi bruxaria em si, mas assuntos pessoais internos que me levavam a tais discussões. Com o tempo amadurecemos e enxergamos as coisas de forma diferentes.

Hoje em dia penso que não importa o que falam da bruxaria ou se os neopagãos querem ditar regras do que pode ou do que não pode, do que é e do que não é; se as tais instituições que se dizem tradicionais acham que podem falar o que quer que eles falem para todos…a bruxaria continua a existir de forma tradicional, cíclica, sempre se renovando, sem perder sua essência. Assim ela sobreviveu, assim ela sobrevive e assim ela sobreviverá.

Dentro disso podemos passar para o Poder. Pois falar de bruxaria e não falarmos em poder é o mesmo que falarmos de culinária e não falarmos em comida rs

Poder é algo complexo para ser discutido ou medido e eu nem sei se é possível fazermos isso. Porém, podemos ressaltar que se alguém se diz bruxo ou bruxa e é apenas um devoto de algum Deus ou de alguns Deuses, isso não tem a ver com bruxaria em si, mas sim, com devoção. Um adorador é alguém que adora algo; um sacerdote é alguém que dedica sua vida em nome de alguma divindade e acaba possuindo alguma autoridade em assuntos devocionais; um bruxo é um bruxo.

Não que isso limite alguma coisa, pois um sacerdote acaba sendo um adorador e um bruxo pode ser ou fazer o que ele quiser. A comparação pode ser feita com um católico: um devoto de Nossa Senhora é um devoto e mesmo que faça mil coisas pra Santa, ele é um Devoto e não um “Sacerdote de Maria”. Um Sacerdote, Padre, estuda anos e passa sua vida dedicada ao seu Deus. Um bruxo é um bruxo e ele pode ser devoto de Maria se quiser e usar práticas de Padres de forma herege em suas práticas, mas isso também não faz dele um sacerdote. Veja, não é pior ou melhor, é escolha do que você quer pra sua vida. Eu não quero ser um sacerdote e viver minha vida dedicada a uma divindade, principalmente quando posso manter boas relações (não submissão) com alguns Deuses, espíritos e entidades.

Poder basicamente é quando ele funciona rs sim, parece óbvio, mas muita gente não enxerga algo simples assim. Já ouvi muita gente falando que “sentiu muita coisa” ou que “viu isso e aquilo num ritual”. Minha pergunta sempre é a mesma: você conseguiu o que queria?” se a resposta é negativa, então o resto é óbvio. Com o tempo eu fui diminuindo os rituais muito elaborados e fui ficando cada vez mais prático: mais vale pequenos gestos, palavras ou práticas simples do que ficar 20 minutos abrindo um círculo. Claro que não estou descartando prática alguma, pois ainda faço uso de algumas coisas mais elaboradas quando preciso ou tenho vontade, porém, isso tem se tornado cada vez menos necessário.

Com o tempo acabamos enxergando mais o mundo e também as pessoas de uma forma mais profunda e acabamos aprendendo sobre como as coisas funcionam, incluindo linguagens que as pessoas falam e intenções que elas emanam em pequenos detalhes e formas de agir, mesmo que tentem simular. Nisso também reside poder e o resultado que o poder pode nos trazer. A Sabedoria tende a ser uma maldição no mesmo teor em que a ignorância seja uma bênção. Embora a Ignorância possa até ser uma Bênção para o indivíduo, mas com certeza se torna uma Maldição para todos ao seu redor.

Não sou do tipo que duvida ou acredita em tudo que me falam ou que tenha opinião formada sobre tudo, pois nada disso faz sentido pra mim, pois não sou obrigado a ter opinião sobre tudo no mundo, principalmente sobre coisas das quais desconheço. Eu não me importo se é verdade ou mentira que fulano disse que viu um demônio pessoalmente ou que um espírito conversa com sicrano. Isso não é da minha conta. Não precisa me preocupar com isso. Embora tenha lido e escutado coisas de todos os tipos: na maioria as pessoas procuram alguma confirmação disso ou daquilo comigo e eu acho engraçado, pois não sou eu quem vai definir se é real ou não aquilo. Aliás, sou só um Andarilho que Anda no Caminho Partido. Apenas mais um Walker que prefere se resguardar em certos assuntos.

Já ouvi de Deuses que falam mais que gralhas e de Pomba gira que discute com Hecate e não deixa a pessoa dormir. De Deuses piores que um poltergeist e de Demônios que ficam papeando para suprir a carência ou falta de amigos…de gente que acha que um besouro voando na atela do computador é uma manifestação de um Demônio…no final, ninguém tem resultado…não sai coisa alguma dali.

A carência faz com que muitas pessoas fantasiem sobre os Poderes e no final elas não entendem do que se trata, pois os mundanos acham que se baseia em “efeitos especiais” ou puramente em “sentimentos” (ha um pouco dos dois, mas não se trata absolutamente disso), mas sim, de resultados. Transformações, quebra de padrões, mudanças verdadeiras também são resultados, pois fazem de você uma pessoa diferente em vários níveis profundos e te trazem entendimentos e capacidades novas.

Essa mesma carência faz as pessoas acharem que são importantes para os outros ou para outros seres, pois sempre se trata delas sendo visitadas, procuradas ou até mesmo atacadas ou perseguidas. No final, essas pessoas são o centro das atenções em suas próprias vidas, só que como personagens de uma fantasia. Nada sai dali, nenhuma mudança, nenhum resultado. Só fantasias e paranoias.

Por isso muitos de nós se afasta e não costumamos ficar brigando e retrucando essas pessoas. Nossa Arte não é democrática e muito menos aberta para qualquer um. Só para aqueles que achamos dignos ou que possuam inclinações ou valores que condizem com algo que consideramos.

A maioria das coisas ditas neste texto são padrões fáceis de se identificar, embora não sejam regras absolutas, pois a Arte é fluida, selvagem, indomada e firme. É acima e abaixo, é no meio e além.

Aliás, se você perguntar para três bruxos o que é a bruxaria, você terá 4 respostas diferentes, tamanha é infinda é nossa Arte.

Sempre tentem enxergar além do que lhe é mostrado, sem fantasias ou simbologia em excesso. A Arte não se faz apenas de simbologia. Muitas coisas são práticas. Se alguém te ensina a jogar sal grosso nas costas de alguém para afastá-la da sua vida, não pense demais na simbologia do sal, das costas, do chão…joga o maldito sal grosso pelas costas que ela vai embora. Só. Muita gente tenta ficar arranjando razões para certas práticas funcionarem, mas esquecem que bruxaria é muito além disso. Claro que existem muitas simbologias e que elas mudam de acordo com a região, grupo, clã e de pessoa pra pessoa, mas não é o foco da Arte, mas uma parte dela.

Não pensem demais, apenas sintam. Quando for para pensar, sempre pensem além do que é apresentado ou mostrado. E guardem aquilo que funciona consigo, pois será para sempre.

Quanto as pessoas e instituições: ignorem. Elas nascem e morrem ha tempos e assim vai continuar a ser, sem ganhar relevância séria e angariando gente que não nos interessa.

Acima de tudo: sejam sinceros consigo mesmos e com a Arte, pois ela não vai ser sempre agradável e bela para você apenas porque você quer. Saber respeitar a própria Arte e reconhecer que rasgar os pés em espinhos faz parte, pois bem e mal são conceitos complexos e completamente pessoais. Livrar-se disso é conseguir enxergar o mundo além…mas isso é para a próxima postagem.

Leonard Dewar
FFF

“Ninguém pensa como eu penso
Eu acho que ninguém se atreve
Sua cabeça está tão cheia de coisas
Então liberte sua mente delas
Eu estou quebrando as regras”
(4)

Notas:

(1) Trecho da música “Cain”(Caim) da banda “Tiamat”;

(2) É dito ha décadas que a Era de Aquário será uma Era onde haverá um grande desenvolvimento intelectual e espiritual, onde a humanidade irá resolver todos os problemas sociais num espírito de fraternidade. A data converge de fonte para fonte, desde 2.150 até 2600 da Era Vulgar;

(3) ‘Kin’ é um termo em inglês usado para designar parentes, como ‘kindred’. Podemos usar “parente” também. É uma designação amigável e de consideração para aqueles que você considera um “parente” na arte sábia, seja em qual forma for;

(4) Trecho da música “Breaking all the rules” (quebrando todas as regras), da banda “Ozzy Osbourne”.




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