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Back to Manchester - Cultura Árabe

Olá Cuties!

Já faz um tempinho desde a última vez que entrei aqui. Muitas coisas para fazer e pouco tempo para entrar no blog. Mas, já que eu não me curo dessa minha mania de escrever para desopilar, estou de volta para contar um pouquinho sobre minha última viagem à Manchester na segunda e última parte do meu curso de MBA na Universidade de Manchester.

Recentemente assumi uma nova posição na empresa onde trabalho. Não foi possível pegar férias e, assim, não consegui rosetar pela região como fiz da última vez. Foi uma viagem sofrida: a fase final tinha, além de negócios internacionais, duas disciplinas de finanças avançadas que me deixaram exauridas: enfim, estudei como louca (sem direito à pausa nos sábados e domingos), dormi pouco, comi mal. Como sempre digo: estudar por lá pode ser bonito, mas não é legal, nem gostoso. Você vai perceber, portanto, que o relato desta vez não será muito turístico. Em compensação, o aprendizado cultural foi enorme e é exatamente isso que quero compartilhar. A avaliação sobre o hotel que fiquei desta vez você encontra neste post aqui. E tem um post específico sobre o problema de drogas que vem ocorrendo em Manchester. Dá uma olhada aqui.

Bem, fiquei com o cérebro derretido de tanto ouvir e falar inglês, pois meus amigos do Brasil (os poucos que restaram na reta final do MBA) estavam cursando outras disciplinas e retornaram para seus destinos logo no começo de minha estadia. Apesar de não estar me sentindo "em casa", esta distância fez com que eu me aproximasse mais dos estudantes de outros países, o que foi ótimo para compreender um pouco melhor as diferenças culturais.

Nos workshops do MBA passamos 70% do tempo trabalhando em grupos. Os professores fazem uma pequena revisão sobre o assunto em pauta (você já deve ter estudado tudo em casa antes, claro) e na sequência passam uma tarefa para ser feita em grupos de 4 ou 5 alunos. Em geral, estas equipes são definidas pela coordenação do curso, de forma que fiquem o mais diversificadas possível. Ou seja, há sempre um europeu, um latino, um asiático e um árabe trabalhando juntos. Há poucos norte-americanos e africanos na sala. Grupo formado, vamos responder às questões: e aí começam os seus problemas... rsrsrs

Enfim, todo mundo sabe que brasileiro é muito gente boa! A gente faz amizade com todo mundo, soltamos sempre uma piadinha besta para descontrair (ok, às vezes na hora errada) e quando uma briga está prestes a começar, somos profissionais na arte de pôr panos quentes. Enfim, deixamos o ambiente mais leve e descontraído. Mas, o mundo não é o nosso Toddynho gelado e é bastante assustador perceber como outras culturas lidam com a questão de divergência de opinião.


Mil e uma noites estudando


O contato que tinha com o mundo árabe, antes do MBA, era bem superficial. Alguns raros colegas aqui no Brasil, filhos ou netos de pais libaneses e só. Somente após o curso que desenvolvi um entendimento um pouco mais profundo sobre esta cultura. Confesso que minha impressão inicial foi de estranhamento ao jeito direto e incisivo dos habitantes do Oriente Médio. Embora eu venha do ambiente portuário, com aquele povo delicado batendo na mesa e falando a média de um palavrão a cada 20 segundos, admito que tremi na base quando me deparei com a ira de meu colega de classe que percebeu que havíamos feito um cálculo errado. Sobrou até para o pobre notebook, brutalmente espancado por ele (kkkkk, ok, foram uns tapas no teclado, mas morri de medo mesmo assim). E neste clima de tensão, passamos quase uma semana. Até que...

Eu costumava sempre almoçar com uns amigos e naquele dia nos desencontramos. Fui para a cafeteria sozinha, com aquela cara de cachorrinho que caiu da mudança e fiquei ali, ruminando meu pedacinho de pizza em silêncio. Em questão de minutos fui surpreendida pelo rosto amigável deste meu colega, outrora contrariado. Ele percebeu que eu estava ali, forever alone da vida, e me convidou para me juntar ao grupo de amigos dele. E foi assim que, aos poucos, fui conhecendo um lado da cultura árabe completamente diferente que me ajudou a tirar aquela amarga primeira impressão.

Começamos a conversar bastante e a partir daí, comecei a perceber que os árabes são, na verdade, pessoas extremamente calorosas, verdadeiras e muito amistosas sim! A grande diferença é que não tem os mesmos pudores que nós temos para dizer que não concordam com alguma coisa. Falam alto, são dramáticos, ficam coléricos, levam tudo muito a sério! Mas, uma vez superado um problema pontual, tudo volta ao normal (e você fica se questionando o que aconteceu..kkk). Chega a ser engraçado, olhando em perspectiva. Não vou mentir dizendo que não percebo um certo machismo de alguns deles: mas isso, infelizmente, não é uma exclusividade do mundo árabe. Eles, na verdade, externam pensamentos que em outras culturas encontram-se velados, mas que nem por isso deixam de existir.

Interessante observar também, bem na sua frente, como é real a hostilidade que existe entre diferentes nacionalidades e grupos étnicos (paquistaneses, egípcios, árabes, libaneses etc.). Eu, como brasileira, ouvia, complacente, as piadas e comentários depreciativos que uns faziam sobre os outros, com total neutralidade. Sim, me incomodava bastante, pois eu conhecia ambos grupos. Mas, infelizmente, não tive a menor condição de entrar em uma discussão para minimizar uma aversão centenária (quiçá milenar, entre eles). Quando o clima pesava, eu dava uma risada amarela e mudava de assunto com toda suavidade. Influência mineira, eu acho... kkkkkk Felizmente, que dava certo!

Por fim, de todas as conversas interessantes que tive, numa das quais me foi explicado o porquê de tanta agressividade (muitos sofreram muito preconceito e humilhações em função de sua origem), ficou a impressão de que: em primeiro lugar, cada um é cada um. Independentemente da minha cultura, que me dá um jeitão, cada ser humano tem seu conjunto de idiossincrasias, características e opiniões, que são só seus. Em suma, não adianta, tentar julgar e arriscar palpites sobre alguém sem conhecê-lo. Eu sei, é clichê dizer disso, mas todo mundo faz pré-julgamentos. Além disso, mais uma vez, ficou claro para mim, que toda verdade tem dois lados e precisamos estar o tempo todo abertos e disposto a ouvi-la. Se eu tivesse negado o convite, jamais teria conhecido este lado tão encantador deste povo.

Uma outra experiência interessante que tive desta vez em Manchester foi com o mundo asiático. Mas esta eu conto em um próximo post. Pois afinal, tenho que trabalhar, né?. Lerê Lerê!

Obrigada pela visita, cults!

See you soon!



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