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o primeiro dia do resto de minha vida

Sei que a vida começa quando a gente nasce. A minha, em particular, começou quando eu pude desfrutar da alegria de viver.

O primeiro dia do resto de minha vida aconteceu aos 15!

Estava no bate-papo e conheci alguém. (Não, este post não é uma homenagem ao amor, ainda que hoje eu ame). Uma mulher. Sim, mulher, ser humano do sexo feminino. Ela foi, naquele momento, tudo que nenhum homem havia sido. (Ta, eu tinha 15 e os ‘homens’ de minha vida eram meninos que adoravam jogar bola e pouco queriam crescer). Mas ela, que tinha a mesma média de idade que os meninos com quem eu costumava conversar porém era o oposto de todos, estava ali, disposta, conversadeira, atenciosa, educada, simpática. A cada palavra trocada e a cada sorriso meu, eu imaginava um dela. Naquele momento eu não sabia nem como ela era, mas conseguia imaginar. Me senti especial. Me apaixonei.

Sim, sou gay!

Aos 15 beijei minha primeira (ou quem viria ser) namorada. Claro que Primeiro Amor não dura, se durasse não iria ser primeiro amor. Primeiro amor é aquele que vem pra ensinar. Te ensina a amar e ensina que junto com o amor vem as lágrimas, a alegria, as vontades, as responsabilidades, o ciúmes, a desconfiança, a confiança, o contrato mudo de selarem um sentimento mútuo, mas que nem sempre é em igual intensidade pras duas partes. Depois de viver meu primeiro amor, a vida fez sentido.

Sei que não devo satisfações e esse post não sou eu saindo do armário, eu saí dele aos 15, pouco depois de ter experimentado o doce sabor do beijo de alguém que sabe o que você quer. (E quem gosta de mulheres sabe o que estou dizendo. O toque é sutil, os olhos brilham,o corpo corresponde). Esse post é só uma vontade de dizer que me orgulho de ser quem eu sou (ainda que ninguém mais se orgulhe de mim). Não sou radical, mas me ofendo com banalidades direcionadas ao público gay ou estereótipos. Me ofendo com programas de ficção que não dão o devido valor a dificuldade que o homossexual têm pra ser aceito e não sofrer preconceitos sociais. Na verdade, me ofendo um pouco, também, ao assistir programas que usam casais homoafetivos para subir audiência mas não têm coragem de colocar essas personagens aos abraços, beijos na boca, ou deitados na cama juntos. Sinto que é um esforço que fazemos diarimente e quando estamos alcançando o mínimo aceitável (casamento, reconhecimento em planos de saúde, seguro de vida, previdência etc), vem um roteirista ou regras sociais e destroem todo esforço (ou parte dele). Me dou o direito de me ofender, ainda que isso não mude o mundo.

Não pensem que sou dessas que só ando com homossexuais. Não sou! Minhas melhores amigas são heterosexuais. Meu grupo de amigos é eclético. E não somos desses que se vêem uma vez por mês, a gente se vê todo final de semana. Não tenho preconceito com pessoas que fazem parte de grupos sociais diferentes dos meus e não gosto de conhecer/conviver com quem tenha esse preconceito.

Isso é um desabafo. Um pedido para que ninguém seja julgado pelas escolhas. Uma afirmação que a capa nem sempre faz juz ao livro. Uma demonstração que as pessoas gay ainda são pessoas (dessas que trabalham, batalham, acordam, dormem, amam, casam, têm filhos, têm família, amam os pais, têm amigos, comemoram datas festivas, saem, têm as mesmas concepções sociais de honestidade, mentiras, verdades, erram e acertam, lêem os mesmo jornais, têm interesses muitas vezes semelhantes ao de qualquer outro ser humano, feito de carne e osso igual a você!).


Publicado em reflexões Tagged: aos 15, homofobia, relacionamento homoafetivo, sou gay, vida

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