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Aquecimento ameaça esporte e recordes

“O esporte no Brasil nunca mais será o mesmo”. Esta é a frase de abertura de um relatório que analisou o impacto da mudança do clima, em um cenário de aquecimento da Temperatura superior a 4ºC, com o desempenho dos atletas no país.

Em Manaus, por exemplo, não será possível praticar esportes ao ar livre, em qualquer época do ano – apenas em lugares com ar condicionado. Em 12 capitais haverá restrições à prática esportiva durante vários períodos do ano, entre 2070 e 2099. Estima-se que 23 capitais terão estresse térmico forte durante o ano todo.

“Na Rio 2016 provavelmente não haverá quebra de recorde em várias modalidades”, crava o estudo “Mais Longe do Pódio – Como as mudanças climáticas afetarão o esporte no Brasil”, realizado pelo Observatório do Clima, rede de ONGs que discutem clima no contexto brasileiro.

“Na maratona, por exemplo, não há registro de recorde em locais com temperaturas acima de 12ºC em qualquer trecho dos 42,195 km do percurso oficial da prova olímpica. O Rio dificilmente apresentará uma condição climática tão fresca”, aposta o estudo.

O relatório foi feito a partir de pesquisas com médicos e professores de medicina esportiva sobre o que aconteceria com os atletas e a prática de esportes no Brasil se as emissões de gases-estufa seguirem na trajetória atual, as metas do Acordo de Paris não forem cumpridas e revistas, e a alta da temperatura superar 4ºC.

“Trabalhamos com cenários desastrosos, com pequena probabilidade de acontecerem, mas de grande impacto”, diz Beatriz Fátima de Oliveira, pós-doutoranda da Fiocruz e uma das autoras do documento.

O relatório faz parte de um estudo maior, de um grupo internacional liderado pelo cientista britânico David King, e que avalia os riscos das mudanças climáticas extremas também nos Estados Unidos, China, Índia e Reino Unido.

No Brasil, os estudos são coordenados por cientistas ligados à Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais, a Rede Clima, formada em 2007, que reúne pesquisadores de todo o país.

Um dos focos do estudo que será lançado hoje foi entender o que acontece com o corpo em esforço físico em dias com temperatura de bulbo úmido elevada, métrica que leva em conta fatores como calor e umidade relativa do ar.

Modalidades que exigem resistência como triatlo, maratona, futebol e os demais esportes de campo, além de tênis, lutas e coletivos de quadra serão muito impactadas depois de 30 minutos de esforço. Isso porque o organismo procura manter a temperatura do corpo em 37ºC. A eficácia de mecanismos termorreguladores, como o suor, tem limites, lembra o texto.

Se esses mecanismos não dão conta da tarefa surgem as “doenças do calor”. O fisiologista do exercício Orlando Laitano, professor licenciado da Universidade do Vale do São Francisco, em Pernambuco, e pesquisador da Universidade da Flórida, diz que esse “é o nome que a ciência passou a dar às consequências do estresse térmico provocado pelo superaquecimento corporal”.

A mais grave dessas doenças é a intermação, e pode matar rapidamente. A Fifa já define como limite para os jogos a temperatura bulbo úmido de 32ºC – acima disso as partidas têm de ser paralisadas, como aconteceu durante a Copa de 2014 em Fortaleza e Manaus.

No tênis, nenhum jogo pode começar se a temperatura superar 34ºC. Além da fadiga, o calor excessivo causa desidratação, enjoos e cãibras. A Copa do Mundo do Catar, em 2022, será transferida do tradicional mês de junho para novembro e dezembro, em função do calor.

Em cenários climáticos extremos, o calendário dos jogos deverá mudar, como medida de adaptação, para não colocar os atletas em risco.

“O que mais me surpreendeu não foram as reações fisiológicas que a elevação da temperatura pode causar nos atletas, mas as neurológicas”, diz a jornalista Lúcia Helena de Oliveira, que entrevistou especialistas em medicina do esporte para realizar o trabalho. “Pode haver, por exemplo, problemas de visão e afetar o desempenho dos atletas.”

Fonte: Valor Econômico

Eco-Finanças



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