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Perdas na recessão só serão revertidas a partir de 2019. Já os investimentos, apenas em 2024


Cooperativa de costureiras funciona dentro da Incubadora de Cooperativas, em Macaé, RJ. – Paulo Barreto / Agência O Globo

RIO – Apesar de os últimos resultados do Produto Interno Bruto (PIB) sinalizarem o retorno ao Crescimento, reverter as perdas acumuladas nos três anos de recessão não será tarefa tão simples. Projeções feitas pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) mostram que o recuo acumulado de 7% do PIB, nos 13 trimestres de recessão — dos primeiros três meses de 2014 ao segundo trimestre de 2017 — não será revertido antes de 2019.

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Os investimentos, setor mais afetado, encolheram 29% nesse mesmo período e deve ser o último dos componentes do PIB a recuperar as perdas, somente a partir de 2024. O consumo das famílias, responsável por cerca de dois terços do resultado geral do PIB pela ótica da demanda, encolheu 7% e não deve reverter essa perda antes de 2019. A indústria de transformação, que recuou 18% durante a recessão, só se recuperaria em 2021.

A má notícia adicional é que esse tempo de recuperação deve ser ainda mais longo, tendo em vista que essas projeções do Iedi foram feitas com base em taxas de crescimento de outros períodos pós-crise, na casa dos 5% ao ano, e que não se repetirão desta vez, dadas as peculiaridades e a profundidade da recessão atual. A mediana das projeções de 35 economistas compiladas pela Bloomberg mostra que o crescimento nos próximos anos deve ser bastante inferior, girando na casa dos 2%. Segundo as projeções, a expansão será de 2,3% no ano que vem e de 2,4% em 2019.

Marco Antonio Jacob Caruso, economista do Banco Pine, acredita que a dificuldade de se retornar a patamares de produção pré-crise é que o crescimento que antecedeu esse período foi “irreal”:

— Boa parte do crescimento forte de 2010 e 2011, foi em cima de dinheiro subsidiado, e por condições nada consistentes. Era um crédito mais condicionado a um bom relacionamento do que a condições econômicas. Um crescimento que não se sustentou quando as condições normais da economia foram retomadas, e se cortou o crédito e aumentou os juros. Além disso, tivemos famílias e empresas muito alavancadas nos últimos anos.

‘O QUE HOUVE ANTES DA CRISE FOI VOO DE GALINHA’

Preocupa ainda mais, analisa Caruso, o impacto que a crise teve sobre o chamado PIB potencial, que é a capacidade produtiva instalada da economia, assim como a capacidade de crescimento sem causar pressões inflacionárias.

— O PIB potencial sofreu bastante, pois não só você teve redução da capacidade instalada como teve fábricas fechando. O tamanho desse impacto vamos descobrir quando tivermos uma retomada mais forte e duradoura, trazendo pressão inflacionária — avaliou Caruso.

Para Rafael Margato, do Santander, a retomada, desta vez, vai se dar mais lentamente porque será puxada pelo consumo, e não pelos investimentos, como em crises passadas.

— O investimento aumenta a capacidade produtiva e a competitividade de outros segmentos, fazendo com que o crescimento potencial seja mais forte. Ele garante um crescimento sustentável — completa o economista do Santander.

O banco, que se considera otimista, projeta crescimento bem mais modesto que os 5% considerados pelo Iedi na hora de fazer as previsões. O Santander espera alta de 0,8% em 2017, de 3,2% em 2018 e de 3% no ano seguinte. Segundo Margato, a reversão das perdas da crise vai levar ainda mais tempo do que o estimado pelo instituto.

— São diversas as consequências negativas. Estudos mostram que, para uma economia entrar no hall das economias desenvolvidas, ela precisa crescer por vários anos 3,5% ao ano. O que aconteceu antes da crise foi um voo de galinha. Essa queda muito forte dos investimentos, por exemplo, piora o grau de evolução tecnológica, que já é bastante inferior ao de outras economias emergentes na nossa cadeia industrial. Esse é um ponto importante e afeta a produtividade da economia — observou.

PARA ECONOMISTA, GOVERNO DEMOROU A AGIR

Rafael Cagnin, economista do Iedi, diz que a recessão perdurou e as perdas se aprofundaram a níveis históricos porque o governo demorou muito para voltar a incentivar o consumo:

— Deveria ter baixado os juros antes e com maior celeridade, assim como ter liberado o saque do FGTS inativo ainda no ano passado.

Cagnin defende que a recuperação não passa apenas pelo equilíbrio fiscal. Os investimentos são os que mais demorarão a se recuperar devido à alta capacidade ociosa das empresas e à falta de condições fiscais para o governo investir em obras e atrair parceiros da iniciativa privada. Ele lembra, ainda, que o mundo não vai parar esperando o Brasil voltar a crescer.

— Do ponto de vista industrial, mudanças tecnológicas importantes estão se orquestrando, como a indústria 4.0 — afirmou Cagnin. — Enquanto o Brasil tenta superar a crise, o resto do mundo está avançando para a nova indústria. Corremos o risco de perder ainda mais competitividade. Ou você incorpora tecnologias naquele determinado momento ou aqueles que incorporaram antes estarão mais avançados. Corremos o risco de ter perdas não recuperáveis do ponto de vista tecnológico. O resto do mundo não está esperando que a gente se recupere.

SERVIÇOS DEVE SER 1º SETOR A SE RECUPERAR

Os serviços, segundo o estudo do Iedi e a opinião de economistas, devem se recuperar com maior celeridade porque foram o último setor a entrar em recessão e acumulou uma das menores perdas, 5,6%, nos 13 trimestres de recuo. A recuperação será puxada pelo comércio, que já vem dando sinais de melhora, explica Fábio Bentes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, Bens e Serviços (CNC).

— A inflação está baixa, os juros estão em queda, o desemprego teve leve queda e tivemos os recursos extraordinários do PIS-Pasep e do FGTS inativo. As condições de consumo estão se regenerando — diz Bentes.

Os serviços são os que mais empregam e, na retomada, eles devem manter um nível alto de absorção, pois, historicamente, contratam trabalhadores de mais baixa qualificação e na informalidade.

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