RIO – Levantamento do Dieese mostra que as negociações salariais voltaram a ficar positivas no primeiro Semestre deste ano, após três semestres seguidos de perdas nos ganhos dos trabalhadores. A variação real média dos reajustes de janeiro a julho de 2017 foi de 0,32%. Cerca de 60% das negociações salariais conquistaram aumento real.
O principal fator nesse movimento ainda é a inflação baixa, que ajudou nas negociações:
— O que chama a atenção é a interrupção da trajetória que começou em 2015 e se aprofundou em 2016. A retomada se deve à queda da inflação anual, que chegou a bater 11% em 2016 e agora está em 1,71%. O segundo fator é que os indicadores apontam que já chegamos ao fundo do poço. É um cenário menos ruim para as negociações do que se viu em 2016 — explicou José Silvestre, coordenador de Relações Sindicais do Dieese.
No primeiro semestre, apenas 10% tiveram perdas. Esse resultado de 60% de convenções com ganhos reais foi a média do semestre. Ao se comparar mês a mês, a situação é mais positiva nas negociações recentes: em janeiro, foram 42% acima da inflação; em junho, esse percentual subiu para 80% e não houve acordos com perda salarial, segundo Silvestre:
— Os ganhos reais também estão aumentando. Na média, ficou em 0,32%, mas, em setembro, mês em que temos alguns dados preliminares, a alta real já alcançou 0,73%.
Historicamente, afirma Silvestre, os acordos ficam mais vantajosos para os trabalhadores no segundo semestre:
— Há categorias que têm mais tradição de negociação, como metalúrgicos, bancários e petroleiros, e que servem de referência. E a produção também cresce mais no segundo semestre.
Pior momento em 2016
Janeiro de 2016 foi o Pior Momento dessas negociações desde 2012. A estatística foi inversa: mais de 50% dos acordos trabalhistas tiveram perdas salariais. O melhor momento ficou em dezembro de 2013. Praticamente todos os acordos fixaram aumentos reais para os trabalhadores.
Entre os setores, a maior parcela de convenções com ganho real foi nos serviços: 68%.
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