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Conservantes para Cosméticos Naturais, Orgânicos e Veganos

Escrito por Wagner Azambuja

Conservantes para Cosméticos Naturais, Orgânicos e Veganos

Os cosméticos naturais, orgânicos e veganos, bem como os produtos que carregam algum apelo natural, como “formulação natural“, “embalagem reciclada”, “baixa emissão de gases tóxicos durante a produção “, “livre de óleo mineral e derivados de petróleo”, estão ganhando cada vez mais espaço no mercado brasileiro. Em comparação com os países ricos, o Brasil fica à frente da Itália e da Espanha em número de lançamentos de produtos com certo apelo natural e, na América Latina, é disparado o maior mercado, com uma grande distância para o segundo colocado, a Colômbia. Para o formulador, essa realidade representa um desafio, pois não é uma tarefa simples substituir as matérias-primas tradicionais, já consolidadas, por outras que se enquadram nas várias diretrizes deste tipo de negócio. Neste rol, estão os conservantes, ou preservantes, um tipo de matéria prima de grande importância em qualquer formulação, visto que vários fatores, internos e externos, oferecem todas as condições para o aparecimento de microrganismos. Ou seja, o formulador, nestes últimos anos, viu-se obrigado a inovar para “montar” estes cosméticos naturais, orgânicos ou veganos 100% seguros, isentos e à prova de contaminações pelo prazo estipulado na legislação. Assim sendo, várias técnicas tem sido utilizadas, como o controle de pH e da disponibilidade de água livre, embalagens especiais e o emprego de ingredientes naturais com comprovada capacidade antimicrobiana, como alguns extratos vegetais, óleos essenciais, hidrolatos (ou hidrossol) e ácidos orgânicos de cítricos.

Extratos Vegetais

O salgueiro-branco (Salix alba), popularmente chamado de chorão, é uma das plantas mais antigas com propriedades reconhecidamente analgésicas, anti-inflamatórias e antipiréticas graças à presença de salicilatos em sua composição – que também conta com taninos, ácidos e aldeídos aromáticos, álcool salicílico e flavonoides. O seu extrato, em associação com propilenoglicol de origem natural, mostra-se um excelente bactericida com ótimos resultados contra P. aeruginosa, S. aureus, C. albicans e A. niger. Sua aplicabilidade, inclusive, já foi confirmada pela certificação Ecocert e, além da sua função como conservante, a sua utilização permite que a formulação tenha o apelo “livre de preservantes“, pois tanto o extrato quanto o propilenoglicol não são listados como preservantes pela RDC 29/12 da ANVISA. Todavia, apesar da sua eficiência contra as bactérias, seu efeito antifúngico é limitado, sendo necessário (em alguns casos) associá-lo a outro conservante ou agente sinérgico. Outro extrato que tem sido utilizado pelos formuladores com o intuito de inibir a proliferação microbiana é o de madressilva (Lonicera japonica) que, aliás, já tem um histórico como fitoterápico. Provavelmente, o seu efeito bactericida esteja ligado a presença de um parabeno natural chamado ácido p-hidroxibenzoico em sua composição – que é, na verdade, um isômero do ácido salicílico. Na prática, este extrato demonstra ação antimicrobiana em concentrações a partir de 0,1%, porém, tal como o de salgueiro-branco, não é eficiente contra os fungos. Por fim, tem-se o morango silvestre (Rubus rosaefolius), um arbusto nativo de florestas tropicais cujo extrato de suas folhas, após algumas etapas de concentração, torna-se rico em saponinas e heterosídeos que apresentam uma considerável ação antimicrobiana. Pesquisas indicam que a sua utilização, na concentração de apenas 0,2% (p/p), deixa a formulação protegida das principais bactérias por um longo período, embora, mais uma vez, o produto não tenha demonstrado bons resultados com os fungos.

Óleos Essenciais

De acordo com o IBD e várias outras certificadoras, os óleos essenciais (ou óleos voláteis naturais) são classificados como “substâncias naturais” e, por esta razão, podem integrar as mais diversas formulações naturais, orgânicas ou veganas. Há, obviamente, um considerável número de óleos essenciais com propriedades antimicrobianas e antifúngicas comprovadas, os quais já compõem – com a função de preservante ou não – diversas formulações cosméticas. Como exemplo, tem-se o óleo essencial de tea tree ou melaleuca (Melaleuca alternifolia), que é rico num poderoso composto chamado terpinen-4-ol. Este óleo, de acordo com um estudo australiano, possui um potencial antisséptico de 11 a 13 vezes maior que o ácido carbólico, sendo capaz de inibir, numa pequena concentração (0,25% p/p), várias espécies de bactérias, como S. aureus. Inclusive, numa concentração um pouco maior (0,5% p/p), até mesmo cepas de S. aureus resistentes a meticilina (ou MRSA) são sensíveis a ele. E não é só, pois, ao contrário do que ocorre com alguns extratos, o óleo de tea tree também apresenta potencial antifúngico e antiviral, oferecendo assim uma proteção mais completa ao conjunto. Outro exemplo é o óleo essencial de tomilho (Thymus vulgaris), um poderoso antisséptico rico num composto fenólico derivado do fenilpropano chamado timol. Aliás, por si só, o timol já tem um longo histórico de aplicações em vários tipos de produtos justamente em razão do seu potencial antimicrobiano; como no Listerine, um dos antissépticos bucais mais vendidos nos Estados Unidos. Em formulações cosméticas, a sua aplicação em concentrações inferiores a 3% (p/p) já oferece ótimos resultados contra as principais bactérias, aumentando assim o shelf life destes produtos. Mais uma vez, como estes óleos não estão listados como preservantes pela RDC 29/12 da ANVISA, toda e qualquer formulação que os contenha – mesmo com a função de conservar – está apta ao apelo de “livre de preservantes“. Outra observação importante neste ponto é sobre a “concentração”, afinal, alguns artigos mencionam que os óleos essenciais são muito específicos para certos microrganismos, o que exige uma combinação deles para se atingir a segurança adequada, resultando numa carga maior da concentração – o que pode levar a instabilidades na formulação, odores indesejáveis e alergias cutâneas. Definitivamente, isto não é verdade, pois há óleos que possuem um amplo espectro de ação, com ótimos resultados, mesmo em baixas concentrações.

De acordo com um estudo australiano, o óleo essencial de tea tree possui um potencial antisséptico de 11 a 13 vezes maior que o ácido carbólico, sendo capaz de inibir até mesmo cepas de S. aureus resistentes a meticilina (ou MRSA).

Hidrolatos (ou hidrossol) e Ácidos Orgânicos de Cítricos

O hidrolato, também conhecido por hidrossol, água floral ou água perfumada, é a água condensada resultante do processo de extração de um óleo essencial pela técnica de arraste a vapor. Afinal, neste método, enquanto o vapor passa pelo condensador onde é resfriado, alguns elementos bioativos e aromáticos da planta se unem a água e não ao óleo essencial – resultando num produto hidrossolúvel dotado das mais diversas propriedades. O hidrolato de lavanda (Lavandula angustifolia), por exemplo, contêm de 22 a 38 compostos já identificados, sendo o linalol – monoterpeno que possui um delicioso cheirinho doce, o seu constituinte principal. Assim sendo, alguns formuladores já estão substituindo a água pura, ingrediente de quase toda formulação, por hidrolatos com o objetivo de somar pontos no combate as bactérias e aos fungos. Por fim, tem-se também os ácidos orgânicos de cítricos, como os ácidos tartárico, oxálico, ascórbico e, majoritariamente, os ácidos cítricos e málico. É a presença e a concentração destes ácidos, inclusive, que determina a acidez e outros atributos de sabor das frutas. Na indústria de alimentos, estes ácidos orgânicos já estão sendo empregados como preservantes há muitos anos, porém agora, com o crescimento do mercado de produtos naturais, orgânicos e veganos, passaram a despertar a atenção da indústria cosmética. O mecanismo de ação bactericida destes ácidos ainda não é completamente conhecido, todavia, assume-se que suas formas não dissociadas penetram na membrana lipídica da parede celular dos MOs e alteram o pH do citoplasma, resultando em lise. Logo, a combinação deles tem eficácia comprovada contra P. aeruginosa, S. aureus, C. albicans, A. niger, E. coli, MRSA e vários outros, cuja aplicação, em formulações cosméticas, deve ser feita em produtos com pH inferior a 6,5.

Para finalizar, um exemplo de formulação de loção corporal com associação de extrato de Salix alba, propilenoglicol e hidrolato de lavanda

Adipato de di-isopropila…….6,0 %
Triglicéride cáprico/caprílico………..6,0%
Glicerina……………………3,0%
Álcool cetearílico……………..1,5%
Sesquiestearato de PEG-20 metilglicose…………1,0%
Extrato glicólico de Salix alba…………..0,8%
Sesquiestearato de metilglicose…………….0,5%
Acetato de tocoferila……………0,5%
Polissorbato 20……………….0,5%
Polímero cruzado de c10-30 alquil acrilato…………0,3%
Goma xantana……………..0,1%
Hidrolato de lavanda…………….qsp 100,0%

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