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Alergia aos Óleos Essenciais

Escrito por Wagner Azambuja

Alergias

Basicamente, a alergia é uma resposta de defesa exagerada do sistema imunológico de algumas pessoas quando elas entram em contato com algumas substâncias que são interpretadas como “estranhas” pelo organismo. Nestes casos, quando o indivíduo acaba sendo exposto a estas substâncias, como pelos de animais, insetos e alérgenos diversos, ocorre uma espécie de sensibilização do organismo que acaba sendo manifestada das mais diversas formas, como uma dermatite, por exemplo. Para uma dermatite de contato alérgica, que é o foco deste artigo, os sintomas são variáveis, podendo ocasionar deste uma ligeira alteração na coloração da pele, sem coceira e ador, até reações mais intensas, como queimação e prurido. Pode, inclusive, formar bolhas e causar o espessamento da pele. O tratamento, obviamente, depende da extensão e da gravidade do quadro, envolvendo deste medidas locais – como a aplicação tópica de cremes ou pomadas com corticosteroides para reduzir a inflamação – até soluções orais com anti-histamínicos, uma classe de medicamento que age em diversos mecanismos inflamatórios e alérgicos.

Alergia e Óleos Essenciais

Sabe-se que os óleos essenciais são sintetizados, em última análise, por meio dos vários mecanismos que integram o metabolismo secundário dos vegetais e, por esta razão, são formados por uma mistura complexa de diversos químicos aromáticos. O óleo essencial de rosas, por exemplo, possui mais de 300 componentes naturais, todos com estruturas químicas diferentes entre si e que, quando isolados, possuem as suas próprias características ao entrarem em contato com o organismo humano. O terpinen-4-ol, presente no óleo essencial de melaleuca (tea tree), por exemplo, é um exímio antisséptico, capaz inclusive de combater – através de um mecanismo de perturbação no processo de fusão – a proliferação de diversas espécies de vírus. Já o eugenol, do óleo de cravo, é considerado um poderoso analgésico e anestésico, afinal, exerce um efeito agonista sobre o ácido gama-aminobutírico (GABA) e antagonista sobre glutamato, ambos com grande relevância no processo de transmissão da dor. Mas, obviamente, tanto o óleo de melaleuca quanto o de cravo contêm muitos outros componentes além do terpinen-4-ol e eugenol, respectivamente, e este raciocínio deve ser estendido para os demais óleos essenciais. Por esta razão, é natural que um óleo essencial, haja visto a sua complexidade química, exerça uma série de atividades no organismo humano quando em contato com este, seja por inalação, aplicação tópica ou ingestão.

Como já exposto, este artigo irá focar na relação entre a dermatite de contato alérgica e os óleos essenciais, afinal, há uma certa preocupação ao se lidar com consumidores que possuem alergia a alguns químicos. Para começar, é necessário citar que não só os óleos essenciais, mas também seus isolados naturais, separados por métodos como a destilação fracionada, já estão sendo empregados em vários medicamentos que visam o tratamento de dermatites de contato. Como exemplo, tem-se o óleo essencial de camomila alemã, ou azul, que é rico em alfa-bisabolol natural – um poderoso anti-inflamatório pelo bloqueio da ciclooxigenase 2 (COX-2) – e em camazuleno, um outro anti-inflamatório que também apresenta propriedades analgésicas, fotoprotetoras e estimulantes dos processos de regeneração dos tecidos (granulação e epitelização). Este óleo, diluído a 0,2% numa base cremosa neutra, mostrou-se superior no tratamento de dermatites de contato quando comparado a uma pomada de hidrocortisona a 0,5%, comumente utilizada para o alívio de manifestações inflamatórias e pruriginosas nas dermatoses sensíveis aos corticosteroides. Outro exemplo é o óleo essencial de lavanda, um clássico da aromaterapia rico em acetato de linalila, outro anti-inflamatório natural, cuja sinergia de seus componentes estimula a regeneração das células da epiderme e exerce uma ação equilibradora sobre a oleosidade. Ou seja, este, tal como o de camomila azul e vários outros óleos essenciais, já integram N formulações farmacêuticas com o objetivo de auxiliarem no tratamento de vários tipos desordens da pele, como a dermatite de contato alérgica.

No entanto, como os óleos essenciais são, como já exposto, formados por uma mistura complexa de vários elementos químicos, o inverso também é possível, ainda que isto seja bem mais raro. Ou seja, um óleo essencial, tal como qualquer outro cosmético que contenha uma fragrância, tais como os desodorantes, perfumes, xampus, sabonetes, loções pós-barba, batons, protetores solares, máscaras faciais, tinturas de cabelo, etc., pode causar uma dermatite de contato alérgica quando aplicado topicamente. Aliás, a afirmação de que um óleo essencial é passível de causar uma dermatite não está totalmente correta, afinal, o que de fato ocorre é uma provável reação alérgica a um, ou mais, químicos que integram a mistura dos componentes do óleo essencial. Por exemplo: se o indivíduo é alérgico a cinamaldeído, ou aldeído cinâmico, ele certamente irá manifestar algum tipo de alergia ao óleo de canela casca, porém, não é o óleo de canela casca, na totalidade, o responsável por esta desordem. É um componente apenas. Então, com o objetivo de orientar órgãos reguladores e fabricantes a nível mundial, a IFRAInternational Fragrance Association, publica diversas diretrizes sobre o uso seguro destes químicos aromáticos quando eles são destinados a aplicação direta na pele. Atualmente, com base em vários estudos, o código de práticas da IFRA inclui 186 normas que restringem, e até proíbem, a utilização de alguns componentes em fragrâncias para as mais variadas aplicações. Além disto, também orienta sobre os níveis aceitáveis de exposição a estes químicos, que são determinados pela avaliação quantitativa de risco de fatores como volume de uso, exposição dérmica e avisos estruturais para a sensibilização dérmica.

De acordo com a IFRA, químicos como o citral, citronelol, cumarina, eugenol, farnesol, geraniol, hidroxicitronelal, isoeugenol, limoneno, linalol e vários outros – que, além de estarem naturalmente presentes nos óleos essenciais, também integram a composição de qualquer fragrância sintética – são potencialmente alergênicos. Por esta razão, foi estabelecido pela Comunidade Europeia, e posteriormente “copiado” pelos órgãos reguladores brasileiros, pela RDC 16/11, que os produtos que contêm quaisquer destes químicos (e outros mais) em suas formulações devem mencioná-los em seus rótulos sempre que a concentração exceder 0,001% nos produtos sem enxágue e 0,01% nos produtos com enxágue. Isto explica, por exemplo, as informações que constam nos rótulos dos produtos perfumados destinados a aplicação direta sobre a pele no Brasil, que fazem menção a estes químicos – sempre de acordo com a nomenclatura INCI. Ou seja, se o produto apresenta cheiro, é quase 100% de chances que, na sua formulação, sejam encontrados alguns destes componentes. Não há como fugir disto, exceto, é claro, se o produto for isento de fragrância. Sim, estamos sempre expostos a estes potenciais alergênicos, porém, é necessário considerar que a maiorias das pessoas não é susceptível a estas dermatites, ou a quaisquer outras desordens, pelo contato tópico com estes químicos. Mas se isto acontecer, o indivíduo deve suspender imediatamente o uso do produto e procurar um médico dermatologista que, provavelmente, irá aplica-lo um patch teste a fim de descobrir qual é, exatamente, o composto químico causador da reação inflamatória alérgica na pele deste paciente. Basicamente, no patch teste, uma amostragem de potenciais alérgenos diluídos são distribuídos no formato de grade nas costas do indivíduo, que serão posteriormente avaliados pelo profissional habilitado dentro de dois a quatro dias após o teste para a tomada de decisões.

Com Óleos Essenciais, Tudo Fica Ainda Mais Interessante

No caso dos óleos essenciais, tudo fica ainda mais interessante, pois, de acordo com certas condições, os químicos que integram a composição destes óleos podem sofrer reações que modificam, por completo, suas estruturas e consequentemente suas propriedades. Como exemplo, voltemos ao óleo essencial de melaleuca (tea tree), que é bastante empregado no tratamento de várias doenças comuns da pele, inclusive do câncer. Sabe-se que este óleo possui em torno de seis quimiotipos principais (QTs), porém, é o quimiotipo dominante (terpinen-4-ol) o mais requisitado e utilizado. Obviamente, além do terpinen-4-ol, estes óleos possuem vários outros químicos, como terpinoleno, gama-terpineno, 1.8-cineol, alfa-terpineno, alfa-terpineol, p-cimeno, alfa-pineno, etc. e é neste ponto que as coisas acontecem. Afinal, este óleo, quando exposto ao oxigênio, luz, calor e umidade por um certo período de tempo, tem a sua composição química alterada. Os antioxidantes gama-terpineno, alfa-terpineno e terpinoleno são oxidados para p-cimeno, aumentando o nível deste em até 10 vezes, ocorrendo assim a formação de peróxidos, endoperóxidos e epóxidos, como o ascaridol. Com isto, este óleo oxidado torna-se um sensibilizador ainda mais potente em relação ao óleo fresco, aumentando as chances de ocorrer uma dermatite alérgica de contato pelo seu uso tópico (puro). Uma observação importante, neste sentido, é que as pesquisas envolvendo óleos essenciais e sensibilização dérmica quase nunca levam em consideração o estado físico-químico do óleo no momento do teste, o que, fatalmente, leva a resultados imprecisos.

Para finalizar, tem-se ainda as situações em que os componentes presentes em alguns óleos essenciais podem causar dermatites mediante a presença de um agente externo, como da luz. Talvez, o exemplo mais clássico é o do óleo essencial de bergamota, que contêm bergapteno e bergamotina, químicos que, como a maioria das cumarinas, absorvem fortemente a energia na região do ultravioleta (UV) e, por isso, são altamente reativas sob a incidência de luz. Assim, o uso tópico deste óleo essencial pode lesionar a pele com manchas escuras, numa espécie de fitofotodermatite, caso o indivíduo exponha-se ao sol após o seu uso. Entretanto, as furanocumarinas não devem ser vistas apenas como vilãs da pele, afinal, sob acompanhamento profissional adequado (médico especialista), elas podem ajudar no tratamento de diversas enfermidades cutâneas, como psoríase, micoses, urticária, vitiligo, hanseníase, leucoderma, eczemas e outras. O bergapteno, por exemplo, em combinação com a luz ultravioleta A (UVA – 320 a 400 nm), constitui um tratamento conhecido como PUVA (ultravioleta A contendo psoraleno, psoralen ultraviolet A), onde ocorre a formação de fotoadutos entre psoralenos e moléculas de DNA, além de outros componentes celulares, que – ao final da cadeia – estimulam a produção de melanina, o pigmento responsável pela cor da pele. Ou seja, dado o exposto, ficou claro que este assunto, alergias e óleos essenciais, é bem complexo e vai muito, muito, muito além do que citações vagas e vazias como “este óleo isto”, “este óleo aquilo”, etc. Neste gancho, por fim, nada mais apropriado do que encerrar com aquela máxima que diz: “se você conhece pouco de aromaterapia e desconhece a sua susceptibilidade alérgica, não use um óleo essencial puro sem a orientação de um profissional. “.

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