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[MUSAS] 11 – Banda

“Um escritor de terror busca novas ideias para seu próximo livro, andando pelas ruas imundas da cidade atrás de lendas e inspiração ele conhece uma vocalista rebelde com quem não se entende, mas o acaso e as atitudes dela acaba engatando a amizade deles.
Uma amizade conturbada pela vida e atrapalhada pelas pessoas. Pode o amor e a arte resistirem ao mundo?”


Se não ainda não leu os capítulos anteriores, acompanhe nossa história:

  • [MUSAS] 01 – Um manuscrito que não sai
  • [MUSAS] 02 – Pesquisa no Submundo
  • [MUSAS] 03 – A dona Aranha…
  • [MUSAS] 04 – Tiro no Escuro
  • [MUSAS] 05 – Escolhas
  • [MUSAS] 06 – Imposição
  • [MUSAS] 07 — Estreia
  • [MUSAS] 08 — Bloqueio
  • [MUSAS] 09 – Vamos conversar
  • [MUSAS] 10 – Máscaras

A história também está disponível no wattpad, já em seu décimo primeiro capítulo!


O som. Ah, a música. A música transforma a alma, a canção embala o coração dos amantes, a melodia nos acalma. Não importa o ritmo, o estilo, não importa quem esteja escutando nem mesmo se gosta ou não do estilo. Tudo o que importa é a mensagem. Música é a mensagem da alma através de um instrumento, através dos sons. A alma precisa da melodia assim como o corpo da água.

A melodia certa no momento certo pode causar um grande impacto nas situações. Um filme não teria a mesma profundidade sem sua trilha sonora, as grandes criações da música todas têm efeitos consideráveis na vida dos seres humanos. A sociedade vive em uma desarmonia harmoniosa, produzindo sua própria canção na cidade. A evolução constante nos trouxe novas formas para encontrar nossas canções, nós temos mais chance de ouvir o que o mundo quer nos contar.

Tudo o que precisamos é saber onde procurar a canção que a alma precisa. Ela existe, sim, a música que nos toca existe. Talvez esteja esquecida em uma gaveta de uma cômoda antiga de sua avó, ou quem sabe ela ainda não tenha sido gravada e só exista na mente de uma cantora que está batalhando para ter seu espaço no barzinho da esquina, aquele lá em que você sempre planeja visitar, mas nunca se permite ir.

Entre notas e acordes, há sempre discussão. Encontramos divergências quando trabalhamos com outras pessoas, sempre se encontra aquele que não está satisfeito. Como o que deve ser contado, o que deve ser feito… Principalmente quando os termos comerciais estão sendo discutidos. Muitos se esquecem de como era compor pelo prazer, muitos se esquecem de como era criar pelo prazer de criar. A vida nos transforma, as necessidades nos motivam a desistir, empurrando carências que não imaginávamos ter.

Entre brigas e acordes, as discussões e ânimos se inflamam. Dentro das paredes protegidas do estúdio, a banda mergulhava cada vez mais em problemas. As gravações estavam atrasadas e eles não tinham como ficar regravando e editando tudo o tempo todo, precisavam cumprir o prazo estabelecido, mas nada parecia dar certo.

Pelo menos para Spider.

Sua raiva atrapalhava a concentração dos outros membros, Tarântula tentava acalmar o baterista, mas seu tom sempre calmo parecia causar ainda mais raiva no amigo.

— CALA A BOCA — o baterista berrava constantemente — Você não sabe a merda que tá falando, nós temos que terminar essa porra logo. Não vão ficar esperando por nós o tempo todo!

Anansi desistira de tentar, ficava com Michelle, a Néfila, e tentava ajudar a compor, mas suas ideias não combinavam com o tom que a vocalista Queria transmitir. Há meses as amigas discordavam, Anansi tinha ideias mais animadas e Néfila, por outro lado, tinha se deixado abater pelo caos que Spider emanava. A vocalista perdia-se em um sem fim de tristeza, não parecia contente em mais nada que compunha.

— Não é o que eu quero — a cantora repetia sempre que Anansi sugeria algo.

Mas quando questionada sobre o que ela queria, ela não sabia o que responder, emudecia e fixava o olhar em qualquer outra coisa que não fosse a pessoa. Tarântula sabia que a amiga não estava confortável, Anansi sabia disso, todos sabiam disso… Menos, é claro, Spider. Talvez nem mesmo Néfila soubesse o que estava passando. Ela não tinha pretensões de levar essa vida tão longe, não a de cantora. Cantar era um prazer para ela, não um trabalho. Spider nunca entendera isso.

A maneira que cada membro da banda via a vida era completamente diferente. Tarântula se perguntava constantemente os motivos de terem tocados juntos por tanto tempo, Anansi respondia que eram as diferenças que os mantinham unidos.

O guitarrista e a baixista se conheciam desde pequenos, estudaram juntos e descobriram o prazer da música juntos. Mais tarde conheceram o baterista, um rapaz estourado que parecia o cara perfeito para juntos começarem a tocar. Spider só precisava relaxar, era o que seus amigos diziam o tempo todo.

E ele relaxou.

Quando a vocalista se juntou a eles após longos ensaios sem voz, quando a moça invadiu a garagem dos pais de Tarântula, fugindo de problemas, eles encontraram a voz perfeita, encontraram o elemento que faltava. A teia estava completa. 4 Spiders começava ali. E o relacionamento do baterista e da vocalista também.

— Isso não vai dar certo — pensaram os outros dois.

E tinham razão.

Michelle, a Néfila como chamavam agora, não era do tipo que se prendia a alguém. Não queria mais do que se divertir. E ela se divertiu bastante com Spider. Com ele, às custas dele, até que se cansou e o largou. Mas nunca largou a banda. Meses de ensaios em mudez completa, exceto pelos instrumentos e pela voz da mulher.

Ninguém nunca se importara em perguntar como o baterista lidava com isso. Ninguém nunca pareceu querer estender o assunto mais do que o necessário. Tarântula tinha bom senso para não perguntar, Anansi preferia não saber nem prejudicar a amizade com a vocalista.

A banda seguia.

Bares e mais bares, show atrás de show, enfrentando chuva e vento, empresários safados, baristas incompetentes, roadies abobalhados, ocasionais fãs chatos e até mesmo estabelecimentos caloteiros. A banda nunca desistiu. Nunca pararam de tocar, nunca mudaram.

Néfila também nunca mudou.

Até a grande oportunidade encontrá-los. A diversão acabava ali, eles sabiam. Precisavam se tornar mais sérios, talvez até mudar o nome da banda como sugerira um dos empresários da gravadora. A ideia de mudar afligia cada um deles de maneira diferente, mas ninguém imaginou que a mudança forçada seria tão impactante para a vocalista.

Sua voz era importante para ela, sua mensagem. Ela queria contar uma história. Ela queria contar o que sentia. O que dava prazer de cantar.

A gravadora não queria isso.

A gravadora queria dinheiro.

Spider também.

As notas se atrapalhavam, a melodia não se encaixava na voz ou o contrário. Spider se irritava cada vez mais fácil. Tarântula queria que tudo aquilo acabasse logo. Ele sabia que estava a ponto de explosão quando a cantora se deixou cair sobre o pequeno sofá do estúdio com o caderno na mão e a caneta riscando o papel em um padrão único e aleatório. Rabiscos.

Spider gritava.

Spider berrava.

Spider socava as paredes.

Tarântula se enchera.

O guitarrista gritou, respondendo à altura os insultos do baterista, uma briga verbal feia. Sabia que não tinha mais volta, queria que o autor aparecesse e causasse o caos que esperava. Tarântula só queria que Allan aparecesse para que Néfila voltasse a ser quem era. Queria que a cantora decidisse logo de uma vez o que queria fazer. Sabia que o autor faria diferença, não sabia como, mas sabia que era o impulso necessário para que tudo acabasse para bem ou para mal.

Spider saiu do estúdio gritando, um maço de cigarros na mão. Dizia que ia esfriar a cabeça no beco, para risos da baixista que não acreditava nas palavras do amigo. Assim que o baterista saiu, ela se jogou no sofá ao lado da cantora, observando-a.

Tarântula olhou para ela, dizendo em silêncio que a deixasse em paz.

Silêncio.

A porta do estúdio, a porta da rua, se abriu.

— Eu vim.


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