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Ciência, Modéstia e Fé

(Imagem: Pinterest)

Desejando investigar a estrutura do Universo em larga escala, os físicos Stephen Hawking e Roger Penrose criaram, na década de 70, um ramo da física – o da Relatividade Geral Global. Nele se especializou o físico e matemático norte-americano Frank J. Tipler que, numa entrevista à imprensa, disse que era “um ateu convicto” quando começou a carreira de cosmologista, em meados da década de 70. “Nunca em meus sonhos mais ousados”, prosseguia ele, “imaginei que escreveria um livro para demonstrar que as afirmações fundamentais da teologia judaico-cristã são, de fato, verdadeiras. Muito menos que estas afirmações são deduções diretas das leis da física, como nós as entendemos atualmente”.
Também cientista, o físico e escritor britânico Paul Davies escreveu, em O Universo acidental, que descobertas sobre o Cosmo primitivo “obrigam-nos a aceitar que o universo em expansão foi posto em movimento com uma operação conjunta de impressionante precisão”. A estes se junta John Wheeler, um dos nomes mais famosos no campo da Física e um dos últimos colaboradores de Albert Einstein. Para ele, os princípios da mecânica exigem que o Cosmo crie o que chamou de “uma observação participante” – teoria segundo a qual, sem seres conscientes, o universo tal como é entendido pela Física seria impossível.
Da física para a antropologia: refletindo sobre a história da vida em milhares de anos, o antropólogo francês Yves Coppens, famoso por ter participado da equipe que descobriu o fóssil de um Australopithecus afarensis fêmea batizado de Lucy, disse certa vez que essa organização do mundo, “a cada dia mais complexa, com o homem habitando seu planeta no meio de uma pequena galáxia, torna difícil imaginar que tudo isso seja vazio de significado”.
Ainda que não tenham afirmado ter provas da existência de uma divindade, esses cientistas, cada um em seu setor específico, questionam, em última análise, a própria significação do que se denominou “criação por acaso”.
Essas observações vêm a propósito da leitura de Sapiens – Uma breve história da humanidade, de Yuval Harari. No livro, escrito em linguagem de fácil compreensão, o autor discorre com estilo sobre o fascinante tema da história da humanidade, mas derrapa quando emite conceitos pessoais e equivocados relacionados à religião, notadamente ao Cristianismo e à Igreja Católica.
Jean Delumeau – como Harari, um historiador, porém mais sábio – evoca a tese da “sábia ignorância” do filósofo cristão do século V, Dionísio, o Aeropagita, como meio de se alcançar a transcendência. “Só é possível alcançar Deus se a medição da ignorância é devidamente feita”, ele escreveu. E acrescenta: “Dessa lição de modéstia, aprendi a tomar consciência do infinito que nos rodeia”.
Modéstia. Esta é a esquecida palavra cujo brilho ilumina a escuridão do vazio que ganha espaço num mundo onde, na perspectiva do cientificismo, os valores são reduzidos a produtos da emotividade. “A ciência prepara-se assim para dominar todos os aspectos da existência humana, através do progresso tecnológico”, adverte João Paulo II na encíclica Fides et Ratio (Fé e Razão).
“O principal projeto da Revolução Científica é dar à humanidade a vida eterna”. Aqui, é o próprio Yuval Harari quem o diz.
“Crer, nada mais é senão pensar consentindo” – eis a lição que nos legaram os antigos Padres da Igreja. “Todo o que crê, pensa; crendo pensa, e pensando crê”.


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