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Teleburrice


(Imagem: Fran Carneros, em Pinterest)

Houve um tempo – e nem está tão distante assim – em que, para uma agência de publicidade, o cliente era rei, e seu mercado, um reino sagrado. Desdobrava-se, dava-se a cara a tapa, engoliam-se sapos de todos os tamanhos para manter a conta e ver o sorriso de satisfação na cara de Quem, na visão de Ogilvy, fazia tilintar a caixa registradora.

Esse tempo virou passado. Salvo as exceções de praxe e que confirmam a regra, o que se percebe repercute como rispidez e falta de profissionalismo de parte a parte. Insinua-se nesse cenário uma espécie de vale-tudo, onde o que forra o chão da arena é o Pobre Consumidor sobre quem, excluído o bolso, se pisoteia à vontade.

No Brasil, consumidor e eleitor se aproximam nas dores e nos desencantos. Sobre o lombo de ambos costumam desabar as chibatadas da mentira, da manipulação e do desrespeito. Tudo estimulado por leis que não pegam ou, se pegam, são contornáveis como a lengalenga fácil com que se distrai uma criança de sua teima.

Estas considerações vêm a propósito de algo denominado telemarketing – uma ferramenta transformada em arma de destruição da imagem de quem não se importa com o desconforto que proporciona ao cliente. Aliás, o objetivo parece ser esse mesmo: azucrinar, irritar o cidadão que paga as contas até vê-lo pelas costas. Maneira eficaz de atacar a concorrência, desafiando o mercado prisioneiro de pegadinhas nas quais tropeça o pobre consumidor. E, como tantas vezes se tem visto, sob as bênçãos da autoridade complacente e cercada de burocracia, cuja disposição para aplicar sanções aos grandes faz lembrar aquelas espingardas que cuspiam uma rolha amarrada num cordão preso ao brinquedo.

Há cerca de 120 dias venho desatendendo e anotando, pacientemente, números que ligam para minha casa, assim como datas e horários em que acontecem as chamadas, com intervalos que chegam a até dois minutos entre uma e outra. E se dou publicidade a um determinado número, as ligações passam a acontecer temporariamente a partir de números diferentes – códigos binários e combinações de 11, 12, 13 e até 14 dígitos. Atendida alguma chamada, ou desligam, ou a fonte é identificada como banca de telemarketing que liga em nome de determinada empresa. Colocada em pesquisa do Google, uma combinação numérica levou a site de reclamações onde o nome que aparece é o de operadora de telefonia.

Se há um código de ética a ser seguido e leis a serem respeitadas pelo telemarketing, isto não está valendo – e não é de hoje, a julgar pelas operadoras que lideram o ranking das reclamações junto aos Procons.

Pergunto-me então que tipo de profissional de comunicação (se é que existe) estaria atendendo essa gente...


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