Essa carta é o Diabo. Observe os símbolos. O homem e a mulher caídos estão presos aos pés do demônio, certo? Acorrentados, servos e submissos a seu comando? Errado. Olhe novamente. A corrente é frouxa em seus pescoços. Eles sempre estiveram soltos. Só não são livres porque não quiseram. A submissão ao demônio, à luxúria, ao poder e à lógica dos interesses é opcional. Sempre foi e sempre será.
Eles se conheceram num Franz Café enquanto ela esperava uma amiga que furou. Ele a viu sentada, tomando capuccino sozinha e folheando uma revista de saúde. Aproximou-se, pediu para sentar e acompanhá-la. O sujeito era educado, gentil e, a despeito das reservas que ela Sempre teve, gostou. Conversaram durante uma hora e quarenta minutos sem que ela percebesse o tempo passar. Tinham inúmeras afinidades e ele, histórias interessantes para contar sobre viagens e o desconhecido mundo corporativo. Era natural trocarem cartões na despedida. Ela foi para a esquerda e ele para direita ao cruzar a porta do Franz, mas ela sentiu que o beijinho foi muito próximo da boca dela – e ela gostou.================================
Estes são os dois primeiros parágrafos do Conto "O Brinquedo". A resposta dos leitores que tiveram acesso a ele me surpreendeu: enquanto alguns consideraram o enredo envolvente, apenas intrigante, outros o consideraram chocante e perturbador. A diversidade de reações foi grande.