"A visão do inferno"
O reduto da sua ignorância
Era um dia frio de inverno
Lá pelo final do mês de junho
Estava eu numa motocicleta viajando
Por uma estrada quase desértica
Já anoitecendo
Meu corpo se contorcia de frio
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O tempo parecia não existir
Meu destino parecia infinito
O cansaço e a angustia assolava-me
Aquela situação parecia não ter fim
Eis que veio o estalo de consciência
E a mim
"A visão do inferno"
A visão de um lugar
Frio, silencioso, solitário, agonizante
Um lugar tenebroso!
Onde sentirias
A pele do seu rosto "engiar"
As mãos gelar
As junta do corpo doer
Os seus pés adormecerem
Não sentirás vento algum
Nem ao menos uma brisa no seu rosto
Um lugar totalmente vazio, solitário
Sentirás uma intensa sede
Más não terão água para beber
Sentirás um desejo insaciável de comer
Más não haverás alimento para matar a sua fome
Más nem por isso morrerás, afinal o maior objetivo, é liberta-lhes
De todos os seus vícios e desejos
Sentirás também uma intensa solidão
Más não haverás ninguém, para compartilhar da sua angustia
Estará só, apenas consigo próprio
E na companhia da sua consciência
Angustia e a solidão como suas únicas companheiras
O tempo não existirá, não haverá dia ou noite
Como um entardecer num dia frio de inverno
A luz, como o sol da meia noite
Veraz apenas uma penumbra
Ficara na fronteira entre a luz e a escuridão
Será semelhante ao caminhar numa região semiárida
Na madrugada fria de inverno
Apenas no clarão do crepúsculo
O som, será quase totalmente inexistente
Não ouvirás o som das suas caminhadas
Ouvirá apenas um pequeno estampido da sua voz
Andarás, andarás, andarás
E não chegarás a lugar algum
“o inferno” estará sempre consigo
Estará sempre na sua consciência
Terás todo o tempo do mundo para
Refletir sobre as suas ações
O tempo neste lugar parecerá eterno
Terás que conviver com a lembrança dos seus atos
O que fez e o que deixou de fazer
Você teve o poder de se colocar lá
Também terá o poder de sair
Dependerá apenas de você
Ao final o inferno não será eterno
Eterno será duração da sua inconsciência e da sua ignorância!
