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Partida

Costumo sair de um amor feito criança quando vai para a escola sozinha pela primeira vez. Nos primeiros passos sigo olhando para a porta, para o meu antigo porto. Passo pelo jardim, passo a passo as flores vão aumentando, eu Ainda Olho várias vezes para a porta, as vezes alguém acena de lá, isso faz com que eu me sinta mais segura. Percebo o pássaro pousar sobre o pé de acerola, o cheiro do feijão da dona Judite, a rua parece enorme. Ainda olho para trás, às vezes, tudo o que vejo agora é turvo. Assusto-me com um ônibus em alta velocidade, penso que talvez os motoristas de hoje em dia sejam os chapeleiros do passado, reencarnados. Um grupo de adolescentes correm na minha frente, alguns com skates, outros gritando. Fico eufórica. Vejo um grupo de crianças, elas também estão de uniforme, riem alto, quero me divertir como e com elas. Vejo um mato lutando pela vida no vão do concreto, primeiro penso que é de inteligência questionável, depois penso sobre sua fragilidade, então o acho petulante demais e chego a cogitar arrancá-lo de lá! Ora quanta audácia, pra que um mato no bloco? Mas desisto, olho mais uma vez, suspiro e concluo que ele é corajoso e muito forte, vive por si, brotando em pedras, lutando por cada segundo de vida, superando as quase inexistentes expectativas de sobrevivência, é o verde no cinza, a única cor naquele longo trajeto. Olha uma pipa! Corro atrás dela. Rápido, muito rápido, O vento corta o meu rosto. Vou ficando cada vez mais leve. Quero rir, abro os braços, abro os olhos: olho pra frente, sempre em frente.



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