Ao Coragem, pela coragem que nos legou
Apenas por um desvio, uma espécie Suposta Mais fraca se une a uma espécie suposta Mais Forte, não por medo, mas por amor. Apenas por um desvio, a negação de nossa animalidade, somos essa espécie mais forte. Forte? Todos os dias enquanto procurava sentidos ocultos nas coisas, ele vinha me lamber os pés, para me lembrar que os pés pisantes da terra também são dignos de amor. Do seu tempo que escorria para fora do tempo, ensinava que o tédio talvez seja mais uma incompreensão. A imensidão cabe num quintal. A gratuidade desse sentir, entre abanar de rabo e lambidas, faz do limpo animal humano um pouco mais bicho, muito mais gente. Como uma traição à minha espécie, quis morar no mato para que ele pudesse correr, ser bicho solto, como eu humana quis correr o mundo, solta. Salta, então, na soltura da estrada, Coragem, tropeçando na finitude que espreita todas as coisas. O atropelo dos carros imita a vida que se atropela em cada esquina. Falta é coisa que não se explica, decifra-se. Mas, a coragem, eu sei, dança à beira da estrada por pirraça, sacudindo o corpo que treme, fazendo do medo, cor. Coragem.
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Fotos por Rafael Vascon e J. Scarpelli, respectivamente.
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