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MMA e o aplauso para a violência



Comecei a perceber que todo mundo estava amando MMA quando o Sonnen começou a provocar o Anderson Silva. A galera ficou putinha por causa disso. E como minha cabecinha não me dá descanso,  não parei de refletir sobre duas coisas. A primeira é relacionada ao marketing. Desde o início eu tinha certeza que se tratava de pura publicidade, que buscava atrair as pessoas usando daquele nacionalismo tosco brasileiro. Aquele mesmo que só aparece na copa ou quando um maldito gringo resolve falar mal do Brasil. Achei que era isso quando vi a entrevista da namorada do Sonnen. Tive certeza quando soube do final da luta. Mas na questão da publicidade nem vou entrar: muito assunto pra um post só.
A segunda coisa que não saia da minha cabeça era a seguinte: UFC é uma forma de legitimar a violência? É a sociedade aplaudindo a agressão? E pior, comprando isso?
Continuei pensando nisso, acompanhando os debates e vendo que a febre do MMA só crescia. E comecei a me perguntar porque tanta gente gostava. Passei a acreditar ainda mais no poder incrível dessa ingrata  publicidade.
A primeira coisa que precisa ser dita, e é incontestável, é que o MMA é o incentivo claro a violência e a vingança. Sim meus caros patrícios, vingança mesmo. Na maior parte das vezes, é o que chama o povo a ver a luta. Não deixa de acontecer dentro do ringue, mas cria uma ideia muito clara para os espectadores do esporte: "Não deixem as ofensas para lá." Sonnen falou mal do Brasil e da esposa do Anderson. Silva rebateu dizendo que ia quebrá-lo. Ele venceu a luta e no final, como se nada tivesse acontecido, chamou o adversário pra um churrasco. As pazes foram feitas, mas a mensagem central transmitida continuou. Anderson Silva não engoliu o desaforo e acabou com o Sonnen na luta. Venceu. E você, meu caro leitor, faça o mesmo com o próximo que te humilhar. Mas faça do jeito violento. Lute e depois convide-o para um churrasco na sua casa.
Discutindo isso com algumas pessoas, me disseram que o MMA tem toda uma segurança médica e que a ideia é vencer, e não matar o adversário. Então a ideia do MMA é vender uma violência legitimada sobre uma nova  desculpa. É a venda para um público jovem uma violência mais velada. Como vivemos no mundo do politicamente correto, ninguém pode machucar muito. Vamos manter lutadores vivos e preparados sempre, pra continuar vendendo violência romana sobre outra roupagem.
Outra falácia típica de quem defende o esporte é falar de novelas, filmes e de quinhentas mil coisas que divulgam e vendem a violência tanto quanto o MMA. Mas gato, o fato de uma novela divulgar a violência anula o MMA? Argumento inválido. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. (Mas é evidente que devemos olhar com atenção pra tudo).
MMA é banalização da violência. O que me faz perguntar se a gente vive em um mundo que banaliza tudo. (Já escrevi sobre assunto semelhante - invasão de privacidade - aqui)
As pessoas reclamam da violência da rotina, mas pagam por ela. Acham o absurdo quando são vítimas da violência, mas adoram assisti-la e comprá-las no conforto das próprias casas. É uma grande hipocrisia.
Eu estava me segurando pra fazer esse post, afinal é um assunto muito recente. MMA é novo aqui no Brasil. Vamos analisar aquilo que estamos comprando. Com tanta coisa acontecendo, é difícil parar. Perdemos o parâmetro do que é certo ou do que é errado. Pode ser clichê, mas parece um dos grandes paradoxos dessa ingrata Globalização.



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