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Crush à Altura

Não é novidade que a Netflix está correndo atrás e criando o próprio catálogo de filmes, se antecipando à perda das obras de grandes estúdios que em breve abrirão seus próprios serviços de streaming. Ou que o público juvenil é um dos grandes focos desta lista de produções. Também já está se tornando notável que para cada acerto como Para Todos os Garotos que Já Amei, há um mal ajambrado Sierra Burgess é uma Loser e um número incontável de produções medianas como O Date Perfeito. É hora de descobrir em qual categoria se encaixa o recém lançado Crush à Altura.

Jodi (Ava Michelle) é a garota mais alta de sua escola. E, como era de se esperar da sociedade atual retratada em uma produção adolescente, sofre bulling por isso. A jovem passou a vida desconfortável na própria pele, tentando ser invisível, mas tudo muda quando um aluno de intercâmbio mais alto que ela aparece na escola. Jodi decide deixar sua zona de conforto para conquistar aquele que ela acredita ser o único capaz de compreendê-la, ou no mínimo não achá-la esquisita, ou ficar intimidado com Sua Altura.

Infelizmente é o ultrapassado e nada realista clichê do príncipe encantado que lança a protagonista em sua jornada de auto-descoberta. E os clichês de romances juvenis não param por aí. Encontramos por aqui também, a arqui-inimiga (Paris Berelc), os pais inaptos (Helaine Kreyman e Richie Kreyman) que menosprezam ou tratam como doença a diferença da filha, o amigo secretamente apaixonado (Jack Dunkleman) que sempre gostou da mocinha como ela é, e até a melhor amiga interessante porém subaproveitada (Anjelika Washington) que em certo ponto chega à expressar em voz alta o quanto é deixada de lado pelo roteiro. Imagino como seria legal, se meus amigos me perguntassem sobre minha vida - exclama a moça lá pelo meio do filme.

E por falar no roteiro, este também segue a cartilha típica do gênero. Protagonista tenta mudar pelos motivos errados, se perde no caminho, faz besteira, perde os amigos, aprende uma lição, amadurece pelos motivos corretos, e conserta tudo. Fora a falta de originalidade, não haveria nada de errado com seguir esta fórmula, não fosse a maneira confusa que a produção tenta se mostrar conectada as discussões atuais.

A intenção aqui é mostrar os erros e inseguranças inerentes à adolescência, independente do quão "popular ou perdedor" você é. Mas o roteiro fica apenas na camada superficial, indicando eventualmente que, o "boy-magia" também pode ser corrompido, a arqui-inimiga tem medo da rejeição, bons amigos podem cometer atos egoístas, sem nunca discutir estes temas de fato. Não é assumidamente despretensioso como A Barraca do Beijo, mas também não explora seus dilemas.

O acerto fica por conta de Harper (Sabrina Carpenter), irmã mais velha da protagonista, de estatura mediana e rainha da beleza. A personagem consegue escapar a imagem de miss fútil e egoísta, para se criar uma relação de conselheira divertida e consciente, em relação à caçula. A estrela de séries do Disney Channel, Carpenter consegue embutir leveza na personagem que tinha tudo para cair no clichê.

Outro personagem, não tão carismático, mas ao menos consistente é o melhor amigo Jack Dunkleman (Griffin Gluck). Sua relação com a protagonista e o tal crush do título, parece uma versão atualizada daquela entre Duckie (Jon Cryer) e o casal protagonista de A Garota de Rosa-Shocking.

Já a estreante Ava Michelle, consegue exprimir bem o desconforto por sua altura, em sua postura e maneirismo. Talvez mais por experiência de vida, que por acerto de atuação. Quem lembra da moça sendo execrada por Abby Lee, justamente por causa de sua altura, em Dance Moms (é, eu assisti isso, e não tenho orgulho). Seja como for é realista o suficiente, para criar a empatia necessária para nos manter interessados. Embora a auto-depreciação da moça, soe um tanto irritante em muitos momentos.

Outra estreante é a diretora Nzingha Stewart, até brinca com ângulos e posicionamento de câmeras para tornar Jodi ainda maior e mais deslocada. Mas não o faz de forma contundente o suficiente, para conferir personalidade do longa.

Entre estereótipos, mensagens rasas e referencias incompletas, Crush à Altura entra na categoria do meio. E divertido o suficiente para ocupar duas horas descompromissadas de seu tempo. Mas não deve se tornar um fenômeno que inspire sequências, ou mesmo se destaque no longo catálogo infanto-juvenil da plataforma.

Crush à Altura (Tall Girl)
2019 - EUA - 101min
Comédia Romântica



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